Escolher entre uma carreira de licenciatura ou bacharelado é muito mais do que escolher apenas uma modalidade de curso de graduação. Trata-se de uma escolha que tem muito a ver com a vocação.
É o caso, por exemplo, da estudante Marcela Azemir Musse, 36, que cursa o segundo ano de pedagogia no Centro Universitário Barão de Mauá, em Ribeirão Preto.
Depois de cursar administração de empresas e até trabalhar na área por algum tempo, Musse resolveu voltar para a faculdade, motivada pelo desejo de ensinar. "A educação sempre foi uma coisa que me chamou a atenção, desde o colegial eu tinha o desejo de ser professora", diz.
Hoje, para complementar o curso de pedagogia, Musse faz estágio em uma unidade do Sesi, em Ribeirão. "Trabalho com crianças do ensino fundamental. O melhor de tudo é que com crianças dessa idade a gente vê o resultado do trabalho. Isso é muito compensador", afirma ela.
Aliás, essa é uma das características principais da licenciatura, que ensina ao aluno, além das disciplinas inerentes ao curso escolhido, técnicas que o tornarão apto a transmitir o aprendizado, tornando-o um professor.
No bacharelado, a formação proporcionada ao aluno é voltada para o mercado de trabalho, o que o torna apto apenas a desenvolver uma atividade em determinada área de atuação.
Durante os quatro anos de formação em licenciatura, o aluno aprende, entre outras coisas, fundamentos da política educacional, gerenciamento e avaliação do aprendizado. "É um processo muito importante, pois é conhecendo esse conteúdo que o aluno descobre se tem ou não vocação para o ensino", diz Márcia Strazzacappa, coordenadora das licenciaturas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Apesar da carência de professores no país, coordenadores dos cursos de licenciatura dizem que a procura pelos cursos tem crescido nos últimos anos.
"Creio que isso vem acontecendo porque a carreira de professor tem sido mais valorizada", avalia Valter de Paula, diretor acadêmico do Centro Universitário Barão de Mauá, de Ribeirão Preto.
Essa também é a tese defendida por Strazzacappa. Para ela, além da valorização do ensino e do profissional, o mito sobre os cursos de licenciatura tem se desfeito. "Muita gente pensava que a licenciatura não era um curso superior e que, por isso, não habilitava o aluno a continuar os estudos, o que não é verdade", diz.
A licenciatura, assim como os cursos de bacharelado, permite que o aluno continue a sequência acadêmica, com especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado.
• Mão dupla*
"Em geral, os cursos de licenciatura contemplam as disciplinas que são ensinadas na escola, mas isso não impede que o aluno parta para o bacharelado, em vez de seguir para a educação", explica Strazzacapa.
A maior oferta de cursos de licenciatura é em conjunto com o bacharelado. Nesses cursos mistos, o aluno tanto pode escolher uma modalidade e cursar as matérias específicas dela como fazer as duas.
"Fica um pouco pesado, mas temos muitos alunos que fazem as duas coisas", diz Maria Helena Goldman, da comissão coordenadora do curso de ciências biológicas da USP (Universidade de São Paulo), em Ribeirão Preto.
Segundo ela, o que faz com que muitos alunos optem por cursar as duas modalidades é a possibilidade de escolha. "É sempre bom ter algo a mais", completa.
(Materia da Folha de S. Paulo, em Campinas)
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